Sonhei com um morango gigantesco, do tamanho de uma tangerina (mas não qualquer tangerina, uma tangerina como as que nasciam no sítio do meu Vô Quinca!), mas que na verdade era formado de muitos morangos juntos, como se tivesse rolado um processo de mitose descontrolado e muitas frutas coladas formaram uma só. Então eu mordi aquela fruta, de frente para o espelho de um banheiro. Tão vermelha, madura e suculenta. O líquido escorria pela minha boca, pelo meu queixo, tingia meus lábios, que já eram vermelhos antes. Cada mordida era sonora, e eu me deliciava com o gosto e com a imagem daquilo refletida no espelho. Então de repente vi um filete de sangue escorrendo pela minha narina esquerda. Parei de morder momentaneamente, sem esboçar grande preocupação. Limpei o sangue, e voltei a comer meu morango gigante.
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